As forças armadas e o destino histórico nacional

Não estava ainda terminado o ciclo das revoltas daqueles tempos memoráveis nos quais se jogava ano por ano o destino do Brasil. Em 1848 rebenta em Pernambuco a célebre Revolução Praieira que foi jugulada no ano seguinte.

Após essas lutas intestinas, todas elas aniquiladas pelos poderes públicos que se revelaram capazes da missão histórica que lhes coube em acontecimentos de tanta delicadeza como esses, em consequência dos quais a indisciplina se arraigara em quase todos os espíritos, surge a guerra contra o ditador argentino D. João Manoel Rosas, na qual o Brasil esteve aliado aos presidentes das províncias de Corrientes e Entre Rios e ao presidente do Uruguai, auxiliando-os com um exército de 4 mil homens sob o Comando do Brigadeiro Manoel Marquês de Souza, mais tarde Conde de Porto Alegre, e uma esquadra de 17 navios sob a chefia do Vice Almirante João Pascoe Grenfell.

Data dos preparativos dessa guerra a entrada definitiva do Exército no regime da disciplina que se vinha operando morosa porém seguramente pelo extermínio das numerosas revoltas acima narradas, permitindo esse auspicioso fato que o Brasil entrasse em uma fase de ordem e de progresso.

Não mais se registraram revoltas de quartéis no regime monárquico, embora o Imperador, pacifista por temperamento e mais dado às letras do que à administração, pouco interesse tivesse revelado pelas forças armadas, mantidas sem o preparo, a eficiência e a aparelhagem necessários a uma boa organização militar. A esse ambiente entre o chefe da nação e as forças armadas, acresce que oficiais do Exército e da Armada se tornaram políticos e estavam em geral ligados a um ou outro dos dois partidos existentes, os quais se revezavam no poder quase periodicamente, à vontade do Imperador.