As forças armadas e o destino histórico nacional

ao país que suportou por muitos anos a sua direção política eivada de erros grosseiros, não obstante pensar que assim agia em benefício da sua terra.

Dominado indiscutivelmente por ele, o Senado em quase unanimidade nada fazia que lhe pudesse desagradar, tendo-se tornado um feudo político do chefe incontestado. A Câmara dos Deputados, se lhe não era inteiramente dedicada e se por vezes teve maioria na oposição que lhe moveu em algumas legislaturas, possuiu sempre um número respeitável de membros que lhe eram fiéis. No Senado só tomava assento quem ele quisesse e não quem houvesse obtido maioria da votos nas urnas. Este, se não pertencesse à política de Pinheiro Machado, era inexoravelmente depurado, arranjando-se sempre um outro que lhe fosse dedicado para ser reconhecido, embora poucos votos tivesse obtido na eleição. Assim também acontecia na Câmara dos Deputados nas legislaturas em que conseguisse ele maioria de votos.

Os escândalos dos reconhecimentos fraudulentos nas duas casas do Congresso, muito desmoralizaram o regime que, sem raízes no passado, não as podia criar no presente cuja atmosfera se tornara intoxicada de desânimo e descrença.

Voluntarioso e indisciplinado, Pinheiro Machado exigia submissão e disciplina de todos os que se lhe cercavam, incapaz de compreender-se a si próprio e de se impor uma política nobre e elevada em benefício da coletividade.

Por tudo isso e não obstante os muitos e grandes serviços prestados ao país, foi ele, no terreno político, nocivo ao regime que ajudou a implantar, concorrendo durante anos para o seu desprestígio e com este para que una grande número de cidadãos fosse procurar alhures a salvação pública que ambicionavam para o país, descrentes do presidencialismo.