As forças armadas e o destino histórico nacional

O 15 de novembro de 1926 foi um dia de desafogo para o povo brasileiro, esparsos os remanescentes grupos de revoltosos, sem recursos para o prosseguimento das suas incursões estéreis.

Subia ao poder o Dr. Washington Luiz, cuja folha de serviços ao país era das mais respeitáveis, tendo-se notabilizado como prefeito da cidade de São Paulo, como secretário da Justiça no governo do Senhor Albuquerque Lins, como presidente do Grande Estado Bandeirante. Força de vontade inquebrantável, honrado e enérgico, patriota e intrépido, hábil administrador, homem de ação, todos os brasileiros nele depositavam confiança quase absoluta, esperançados todos de vê-lo realizando um governo de pacificação, de ordem e progresso, de união e concórdia. Os espíritos desarmaram-se espontaneamente de quaisquer prevenções logo ao início do governo do eminente concidadão.

Tudo fazia prever um sopro de vida nova a infiltrar-se benéfico no organismo combalido da nação, revigorando-o. Os brasileiros em geral exultavam de simpatia pelo seu novo presidente, que eles julgavam capaz de grandes realizações.

Assim era realmente.

Mas o Senhor Washington Luiz possuía em sua inconfundível personalidade um grave defeito: o Senhor Julio Prestes. Este por sua vez tinha também o seu grave defeito: o Senhor Washington Luiz.

Amigos até a raiz dos cabelos, amigos como pai e filho, foram sem o querer a perdição um do outro.

Fossem quais fossem as razões, mesmo as de Estado, o Senhor Washington Luiz as colocava abaixo das suas amizades preferidas. Ao fixar-se a todo transe pela candidatura do seu amigo, desprezando todas as considerações, avisos e prevenções dos seus correligionários, tornou-se incapaz de compreender o momento histórico