governam o planeta, era óbvio que os plebeus considerassem todos os indivíduos como irmãos e idealizassem desejos de harmonia e cooperação, trabalhando todos igualmente para a conquista de objetivos idênticos, em benefício da comunidade.
Daí a terceira aspiração dos revolucionárias — a Fraternidade.
Ao julgar-se porém livre e igual a qualquer outro, o homem não mais admitiu limites a essa liberdade e a essa igualdade. Ninguém era mais livre do que ele, nenhum outro lhe era desigual. Escravo do mundo, julgou que o mundo era dele, que devia ter sido criado para seu uso e gozo. Era o rei da criação e como tal pensou poder manejar o globo a seu talante. Não podia admitir fronteiras à liberdade, nem lindas à igualdade. Daí o individualismo dispersivo e egoísta que o levou ao desamor e à indiferença, à inveja e ao ódio dos outros indivíduos, tornando impossível a fraternidade.
Da concepção errônea da igualdade absoluta entre os homens, bem como da liberdade excessiva de que estes se arrogaram, nasceu esse individualismo usurpador e dissolvente em prejuízo dos interesses gerais e superiores das coletividades, relegados estes assim a plano secundário, causa principal do caos em que o mundo hoje se debate, esquecidos todos de que o homem não pode viver isolado e que a sua ação é em cada lugar e a cada instante limitada pelas ações dos outros homens.
Vaidosos, e incitados pelas conquistas das liberdades e das igualdades que julgavam poder desfrutar, cedo olvidaram que essas conquistas são limitadíssimas pela própria natureza dos fenômenos sociais, cujas leis não podem ser transgredidas sem graves danos para os indivíduos e para as coletividades humanas.