Ora, o direito de um vai até o limite do direito de outrem. Do mesmo modo, a liberdade de cada cidadão vai até o limite da liberdade de todos os outros cidadãos. Esta, pois, como aquele, é limitadíssima no tempo e no espaço.
O conhecimento dessa limitação levou um escritor a dizer: "O homem é a cada instante e em toda parte escravo das circunstâncias que o cercam" — e levou Augusto Comte, o grande filósofo francês, a criar o lema: "O homem se agita e a humanidade o conduz".
Daí se infere que o homem já conquistou, e definitivamente, os direitos, as liberdades e as igualdades que lhe eram possíveis, os quais estão consagrados e consubstanciados no artigo 72 da Magna Carta de 24 de fevereiro de 1891. Fora disso tudo que ele adquiriu a custa de esforços imensos, de trabalho persistente e de muito sangue derramado, não tem nem pode ter outros direitos, outras liberdades, novas igualdades, porque, se assim não fosse, possível não seria a estabilidade das organizações políticas e sociais.
Meditai com segurança e serenidade sobre a vida dos povos e verificareis o acerto dos assertos que aí ficam. As nações em que os cidadãos mais se têm empanturrado de liberdades e igualdades, são justamente as que mais têm sofrido de comoções intestinas. Aí os vínculos sociais mais se afrouxam à medida que os cidadãos mais se compenetram de que são livres e que as suas vontades e resoluções não podem ter peias. Nelas os liames familiares se distendem e se desagregam com pasmosa facilidade, os indivíduos de um mesmo lar indiferente uns pela sorte e destino de outros.
É o individualismo com o seu egoísmo corrupto e corruptor que campeia infrene.
O caso do Brasil é típico, não obstante assertivas em contrário de escritores de apressados juízos.