As forças armadas e o destino histórico nacional

tornaram-se gozadores e parasitas, sem pátria, sem princípios, sem doutrinas, sem religião e até sem família.

Esse o resultado a que chegamos na atualidade, processado em quase meio século de regime republicano presidencial, ditadura incoerente caótica, e que mais próprio seria se denominasse — regime republicano corruptor.

O favoritismo, a deslealdade política, o surto das mediocridades inconscientes, o suborno, a felonia política, o desconhecimento e negação da Pátria, não existiam em 15 de novembro de 1889. O regime republicano presidencial inteiramente desconhecido no país, sem homens experientes que o tivessem assimilado e compreendido, não podendo portanto ser praticado com acerto e sinceridade, só poderia levar a nação a esse estado de anarquia econômica, financeira, intelectual, moral, política e social a que chegou, no qual a nobreza de caráter dos brasileiros outrora tão respeitável, se chafurdou tanto na ignomínia, que atingimos ao cúmulo da desfaçatez e do cinismo — vendo matar em pleno sono leais servidores da Pátria só porque eram incapazes de trair seus deveres e não serem suscetíveis de emprestar seu concurso para ignóbeis transformações sociais e políticas; assistindo ao ato miserável e nojento de numerosos representantes do povo desertarem os seus partidos e os seus chefes políticos, traindo-os despudoradamente para obterem as boas graças dos dominadores da ocasião.

E tudo isso sob a égide do chavão — Liberdade, Igualdade, Fraternidade — com que bacharéis de todas as idades, espécies, categorias e ritos, cultos ou incultos, enchem os discursos à falta de melhor assunto para as suas arengas, incapazes de um raciocínio e um julgamento sadio sobre os acontecimentos históricos de grande transcendência que estamos vivendo.