As forças armadas e o destino histórico nacional

No estado em que se achavam as relações do Brasil com as repúblicas do Prata, em geral tensas e sempre eivadas de desconfianças, não conviria ao Império e formação do vice-reinado, que se traduziria pela constituição de uma potência respeitável a ameaçar seriamente a paz da América do Sul e a integridade do nosso país. Acresce que a República do Uruguai estava dividida em dois partidos extremados — Blanco e Colorado — os quais se hostilizavam abertamente, sem tréguas, disputando o poder por meios violentos, revolucionários. Era chefe do partido Blanco D. Manoel Oribe, que, como ficou dito, se aliou a Rosas e estava senhor de todo o país, exceto Montevidéu. Além disso era o chefe uruguaio inimigo declarado e ontensivo do Brasil e dos brasileiros em geral, principalmente dos que em grande número se haviam estabelecido no Uruguai ao tempo da Província Cisplatina e que eram tenazmente perseguidos pelos homens do partido Blanco, por Oribe em particular. Era chefe do partido Colorado o General D. Fructuoso Rivera, então presidente da república, cuja autoridade como já dissemos estava reduzida apenas à capital.

Desses fatos surgiu a guerra de 1851/52 entre o Brasil, seus aliados os Generais Urquiza e Virasoro, governadores respectivamente das províncias argentinas de Entre-Rios e Corrientes, e Fructuoso Rivera, contra Rosas e Oribe, a qual terminou pela batalha de Monte Caseros em 3 de fevereiro de 1852, sendo vencidos e detroçados os dois últimos, obrigado Rosas a deixar o poder que detinha, o qual passou às mãos de D. Justo José de Urquiza.

As relações do Brasil com as repúblicas do Prata não melhoraram sensivelmente como se devia esperar do desfecho desses acontecimentos, continuando sempre tensas, eivadas de desconfianças e de recíprocas antipatias, determinando isso perseguições aos brasileiros