adotada foi escolhida por esse grupo à revelia do povo, todo ele incapaz de compreendê-la muito menos de saber se era a viável para o Brasil na hora republicana. O governo federal e os governos estaduais durante a velha república foram sempre eleitos por uma pequena minoria de cidadãos, interdita de votar por analfabetismo a grande maioria. Os parlamentos federal e dos estados transformaram-se por conveniência dos seus membros em feudos do Presidente da República e dos governadores. Será isso democracia? Absolutamente não, porque tudo isso caracteriza sem a menor dúvida um regime oligárquico.
Aceitemos porém que o regime político que vem vigorando no Brasil a partir de 1889 tenha sido a democracia liberal; que esta democracia com o presidencialismo seja ainda hoje o melhor regime político para o nosso país; admitamos que ele deva prevalecer para o futuro como capaz de promover e facilitar a realização do seu destino histórico.
Mas então porque esse mal estar quase geral que leva um grande número de patrícios nossos a procurar nos extremismos a salvação do país, descrentes como estão da liberal democracia? Porque essa corrupção em grande escala, essas desordens periódicas; essa indisciplina generalizada, esses assassinatos e roubos, esses desfalques em repartições públicas, em bancos, em casas comerciais? Porque essa degradação em que grande número de homens e mulheres se entrega aos vícios e aos gozos sensuais sustentados por atividades inconfessáveis e desonestas? Porque essa falta de estímulo e essa falta de energia bem orientada, as quais levam a mocidade do país a viver pedinchando exames por decreto e por médias, cavando com a própria incultura superveniente a própria ruína e a do país, pela influência nefasta que sua geração vai exercer no evolver da nação? Porque essa corrida de cidadãos aos empregos