À Margem do Amazonas

Pelas margens desertas, onde árvores e arbustos lançavam recortes bizarros de sombras, erguiam-se fustes lisos de pau-mulato, caules delgados de araçaranas, hastes alvacentas de embaúbas, colunas cinzentas de palmeiras inumeráveis rompendo a ramaria; e por toda parte, desde o alto das comas aos ramúsculos das ervas, os cipós distendiam a cordoalha retorcida constringindo estirpes rudes, rastejando na terra, suspensos em curvas largas, pendentes como varais, às vezes grossos como punhos de homens, às vezes semelhando filamentos, ainda tenros, frágeis, quebradiços, procurando pontos de apoio.

Todos eles, — o cipó-tuyra, o camaleão, o espera-aí, o unha-de-gato, a jacitara, tantos outros desse gênero incalculável de sarmentosas, crivados de acúleos ou cortantes como gumes afiados, formavam uma bárbara trama defensora, cingindo, envolvendo toda a floresta.

O sol subia, resplandecia no horizonte sem nuvens, faiscando, iluminando a macia paisagem.

Um bando inquieto de ciganas grasnava entre os galhos das árvores. Adiante, no alto de