À Margem do Amazonas

rápido por todo o corpo, brande a cauda enorme, precipita-se impetuosamente, doidamente, sobre o manjar magnífico, as maxilas escancaradas, os olhos acesos de gula.

Na aninga mole, viscosa, corticenta, cravam-se quase com desespero os seus terríveis dentes ponteagudos.

Cravam-se! Espetam-se violentamente no toro! E lá ficam, ferrados, ligados, presos no lenho mole, pegajoso, da vingadora Montrichardia arborecens.

O monstro, ao princípio, fica atônito com aquela massa fixa na bocarra. Mas logo depois se enfurece, procura livrar-se do tronco pegadiço, atravessado, varado, preso nos poderosos caninos que trituram os próprios ossos dos outros animais.

O seu desespero se vai tornando cada vez mais trágico, mais sombrio, mais torvo. Debate-se, revolve toda a água em rabanadas assustadoras; investe loucamente para a margem, solta gemidos alarmantes, rugidos que abalam a terra, uivos pavorosos, num largo, desordenado clamor.