À Margem do Amazonas

Francisco Pizarro, aventureiro inculto e áspero, que seria mais tarde elevado a Marquês pelo rei da Espanha, não teve essa estranha recepção. Os seus dois emissários foram recebidos como excelentes amigos, com honras excepcionais. Viram a riqueza descomunal em todos os cantos da nova terra da América; apalparam o ouro e as pedrarias expostos como simples ornamentos em todas as habitações por onde passaram guiados pelos vassalos de Atahualpa.

Viram tudo; observaram tudo; e voltaram doidamente ao acampamento do grande chefe, assombrados, perturbados, delirantes, como se houvessem percorrido uma região de lendas e de sonhos, acima da humana imaginação, e onde a ambição dos homens, por mais ardente e absurda, adormeceria saciada.

No pequeno exército de Pizarro, esfarrapado, arrasado, combalido por longas caminhadas e pelas moléstias, cançado daquelas marchas pungentes desde a orla do oceano, através das punas frias da cordilheira até os llanos encharcados — correu como uma centelha a estonteante notícia.