À Margem do Amazonas

os suplícios. Grande parte dos companheiros ficou pelos caminhos, no seio do oceano, nas ilhas selvagens, nos gelos da cordilheira, na floresta mortífera da planície, extenuados ou mortos, maldizendo a trágica aventura daquela invasão através das montanhas desoladas e da gleba peruana.

E toda a fúria dessa arrancada infrene, porque um bugre de Haiti dissera que além da cordilheira, havia um grande país cheio de ouro e um grande povo civilizado e pacífico.

Não mentira — mercê de Deus! — o pobre bugre das Antilhas.

Estavam, afinal, nas fronteiras desse admirável país; e os mensageiros de Francisco Pizarro traziam ao desalentado acampamento a nova deslumbrante: — ouro, muito ouro em toda a região! Nas cidades, nos monumentos, nos palácios, nos templos, nas casas mais pobres, fulgindo à luz morna dos trópicos, ao alcance das mãos sôfregas. Todo esse tesouro inconcebível lá estava, perdido entre aquela gente simples, arredada do mundo, isolada do continente europeu, sem vícios, sem