isso uma grossa arpoeira com uma das extremidades presa ao arpão e a outra amarrada ao banco da canoa.
Ninguém se move. A própria montaria desliza tão docemente no meio do lago, que mal se percebem o seu avanço e as remadas silenciosas do piloto, guiando-a naquela imensidade de água tranquila.
Meia hora, uma hora, duas horas, nessa absoluta imobilidade, sob o sol que começa a aquecer, sobre a água que cintila e se encrespa de leve à viração da manhã.
Mas de súbito passa rente à canoa, a três ou quatro palmos abaixo da superfície da água, um vulto bronzeado, enorme, movendo-se vagarosamente. O vulto, apenas, vago, submerso, impreciso, mas que o caboclo conhece de sobra.
E nesse instante, de incrível, suprema emoção, retesa-se o braço do arpoador, e a haste lançada violentamente se crava no dorso do vulto — rápida, instantânea, precisa!
Era uma cena de estátuas pregadas num barquinho imóvel. E tudo isso mudou bruscamente, vivamente, porque aquela haste vibrou,