À Margem do Amazonas

caído numa indigna cilada — porque não há nada mais insípido, mais desagradável, mais secante, do que esses quatro ou cinco dias de águas e florestas, sem perspectivas, sem horizonte, sem mutações, dando a ideia de que se atravessa um corredor asfixiante, sombrio, interminável, com a sensação de vesicatórios pelo corpo.

Um velho político da terra dos Barés dizia que esse era o Amazonas para uso externo — um Amazonas inexorável, que põe logo à prova a paciência e a boa vontade dos turistas.

*

O outro, o Amazonas feiticeiro, empolgante, misterioso, surpreendente, fica por traz dessa infinita muralha verde.

É o Amazonas ameno e pingue dos campos bucólicos, das roças alegres, dos sítios poéticos, das caboclas bonitas, dos cacauais em colheitas, das procissões fluviais do Divino, do trabalho e das festas. E mais do que tudo isso, o Amazonas dos lagos imensos onde os caboclos nas montarias arpoam o pirarucu e o peixe-boi;