À Margem do Amazonas

sem nada. Rudes, analfabetos, lutadores por índole saídos dos sertões escaldantes do Ceará, de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte, onde eram vaqueiros e agricultores, vivendo penosamente nos tabuleiros, nos serrotes, nas caatingas, nas capoeiras, nessa áspera silva hórrida de Martius,foram lançados como párias negregados na selva selvaggia que os devoraria atrozmente.

Foi esse bárbaro povo, expatriado violentamente após os maiores sofrimentos físicos e morais, rompendo o sertão esbraseado em levas esqueléticas de retirantes, que se infiltrou pela Amazônia que atravessou toda a planície, que galgou todos os rios, depois de atirado pelos barrancos, sem recursos, sem saúde, sem proteção, como se todos os elementos sociais se conjugassem para exterminá-lo, atemorizados com a sua assombrosa vitalidade.

Mas o nordestino resistiu a todas as vicissitudes.

Resistiu ao clima profundamente antagônico àquele de onde viera; resistiu ao desprezo dos governos; resistiu à fome, à miséria, às moléstias, a tudo.