Tal é o seringueiro dos altos rios do vale: simples, forte, calmo, ignorante.
Acusam-no da sua brutalidade, dos instintos primitivos, do ímpeto cruel com que varou a região, acossando índios e mamelucos, como uma horda feroz que os gaiolas despejavam à beira dos rios.
Acusam-no!
Mas os acusadores nunca se lembraram de que foram os próprios Governos os culpados únicos desses lances sensacionais do hinterland amazônico.
O seringueiro sempre foi visto pelos poderes públicos com absoluta negligência. Não encontrou leis que o contivesse nos desmandos; não encontrou na terra que ia explorar a ideia mesmo vaga das medidas vulgares sobre imigração. Todo o alto Amazonas, despovoado e selvagem, apresentava-se aos seus olhos como uma terra abandonada, repudiada, temerosa, que os caucheiros bolivianos e peruanos atravessavam livremente, destruindo, matando, assolando, como senhores de um deserto ignoto.
Foi assim que essa gente do nordeste encontrou os altos rios: sem donos, sem habitantes,