À Margem do Amazonas

ignora o que seja o ódio; tem uma generosidade exuberante e uma boa fé infantil.

Percorrendo desde a infância as matas e as águas, herdando todo o instinto dos ancestrais, recebendo lições contínuas, observando e aprendendo, perdeu bem cedo todo temor, e evita ou vence os perigos. Defende-se dos ardis da onça com outros ardis mais finos, ou derruba-a com uma simples forquilha estrangulando-a subitamente, aproveitando-se da própria impetuosidade com que ela arremete. Tem certeza de que a horrenda sucurijú é incapaz de um movimento quando se entrega à lenta, difícil digestão, ou se livra do seu arrocho sinistro, calmamente, torcendo-lhe o beiço superior obstruindo-lhe a fossa nasal. Mata o jacaré a pauladas, nadando e mergulhando, porque sabe que o sáurio, mesmo exasperado, não ataca a presa na profundidade das águas.

Na floresta conhece os hábitos, as manhas, as negaças de todos os animais, e em pouco tempo, com um instinto surpreendente, encontra o veado, a cotia, a anta, a vara de queixadas.