À Margem do Amazonas

Na adolescência também, começa a enfeitar-se. Tem um par de chinelos, um colar de contas no pescoço, uma travessa de celulóide nos cabelos corredios. Já conhece a periperióca, a macacapuranga, a preciosa, o cumaru, a baunilha, o vinde-cáa, todos os perfumes sutis da selva — fragrâncias singulares de cascas, de bulbos, de lenhos, de flores, de folhas, misturados na garrafa de cheiro que lhe aromatiza o banho e lhe deixa no corpo moreno uma perturbadora exalação de luxúria.

Mas logo ao brotar para a vida, ao sentir os primeiros latejos do sexo, é arrebatada para novo destino, e vai multiplicar em outro chão de barraca a humilde estirpe de onde veio.

O novo estado não lhe modifica a índole.

O bom humor, a paciência, a serenidade, acompanham-na por toda a existência. A casa não lhe absorve os cuidados, não tem móveis, são tem enfeites, não tem valores. O guarda-roupa está pelas paredes todas em forma de ganchos onde pendura o melhor vestido, dos dois que possui. Os pratos são as cuias pixunas. O guarda-comida é o paneiro a um canto da sala onde estão as frutas, a farinha, o peixe