À Margem do Amazonas

Embaraçava-se nos múltiplos idiomas das regiões que percorrera desde a adolescência; anunciava aos brados os seus projetos, os seus incontáveis roteiros de andarilho, os seus descobrimentos fantásticos, onde muitas vezes a imaginação adornava a seca realidade.

E na exuberância das palavras e dos gestos deixava à mostra o temperamento inquieto e o espírito profundamente cavalheiresco.

Era alto, magro, bronzeado, com um olhar incisivo de ave de rapina e um rijo traço de energia nos maxilares de prógnata.

Não tinha passaportes, nem credenciais, nem amigos prestigiosos. Dizia-se vagamente que era filho de Java e que o governo da Holanda o deportara para a Guiana numa leva de sentenciados. Evadira-se, porém, de Paramaribo, rompera a jungla selvagem, penetrara em território brasileiro, onde mudara o nome e a profissão.

Foi sucessivamente, durante dois lustros, garimpeiro em Minas Gerais e na Bahia, Agrônomo no Maranhão, seringueiro em Mato Grosso e na Bolívia, simples explorador em Venezuela, de onde descera afinal, pelo Rio Negro,