O Vale do Amazonas

Somos um povo de índole pacífica. Mas certamente a paz seria perturbada se o exigissem motivos severos, como o exigiram em 1831 o desprestígio dos altos cargos, a imoralidade da arte, a corrupção dos funcionários, o desprezo da constituição jurada, o alarde de validos desprezíveis, o despotismo exercido pelos tribunais militares e comissões de devassa, a ignorância dos administradores, e a pobreza de ideias maior ainda que a pobreza material. Hoje, porém, todas as instituições fundamentais vivem e florescem ao abrigo de tempestades, radicadas e respeitadas. Já, não falta tudo. O essencial, nós o possuímos. O pão de cada dia, o pão indispensável ao corpo social, isto é, a liberdade mantida pela ordem e mantendo a ordem, nós o temos, são e bastante. Resta ainda muito certamente, resta progredir. Ora, quando um país goza de liberdade, todo o progresso é possível; e onde nada embaraça o progresso, a revolução é impossível.

No Brasil, se a marcha é lenta, o resultado é seguro.

A questão de que trata este livro, o atesta.

Em 1862, quando no Correio Mercantil abríamos debate sobre a livre navegação do Amazonas, esta questão estava bem longe das preocupações do público e do governo. Hoje ela prende a atenção geral.