O Vale do Amazonas

geralmente mais moralisados; e como estes últimos são às vezes influências políticas, fácil é compreender que os seus clamores fossem atendidos. Para bem se compreender o caráter do imposto sobre regatões, que gradualmente tem sido elevado, e que ali se deseja aumentar até proibir o respectivo comércio, darei uma notícia segundo as informações da coletoria de Obidos. Neste município existem 23 canoas empregadas no comércio de regatão. O município é extensíssimo, como todos no Amazonas. O regatão percorre-o levando mercadorias de todo o gênero, fazendas, licores, ferramenta, etc., a cada sítio e a cada choupana situados nas paragens mais reconditas, nas aldeias dos índios, nos quilombos de negros do Trombetas, nas cabeceiras dos rios ou no fundo dos lagos. Cada canoa leva um a três contos de réis em gêneros. É pois, um comércio extremamente pequeno; mas, entretanto, paga as seguintes taxas: 175$000 á coletoria provincial; e á câmara, municipal 25$000 de taxa, 5$0000 de registro, 24600 de selo, 40 réis por cada arroba de cacau, 20 réis por cada arroba de peixe, 100 réis pela de carne seca, etc. De maneira que um regatão que transportar a diminuta quantidade de 1,000 arrobas de cacau, 200 de peixe e 100 de carne seca, pagará de imposto anualmente 261$600. Como bem assinala o relatório do presidente do Pará em 1864, o Sr. Couto de Magalhães (p. 10 e seguintes), esses