1:45. Nas províncias fronteiras, estou convencido de que cumpre abolir desde já a escravidão quanto aos recém-nascidos, e dentro de um período curto quanto a todos os escravos existentes. Nisso interessam a segurança do Império e a sua dignidade. Eu não acredito que a abolição seja acompanhada das desgraças irreparáveis que alguns figuram, se ela se verificar com prudência em qualquer parte do Império, ou em todo ele simultaneamente. E tenho por certo que no vale do Amazonas não só se pode efetuar a abolição sem abalos, como que se pode ela fazer mais depressa que em qualquer região. Eis os motivos: — É esse o ponto do Brasil em que o comércio há tido mais rápido incremento, subindo a 300% em 15 anos. Ora, aí o trabalho é geralmente livre. O trabalho a salário é conhecido e usual. Assim, a abolição da escravidão pode passar pelo Pará e pelo Alto Amazonas sem afectar a base da sua prosperidade. O mais valioso produto da exportação dessas províncias é a goma-elástica; pois bem, não é o escravo que a prepara, é o índio. Digo o mesmo da quase totalidade dos gêneros que se exportam pelo Pará. O trabalho escravo só domina na lavoura de cereais e nos engenhos de açúcar, que aliás não são muitos. Não há no Brasil, portanto, parte alguma de mais certa e mais ascendente prosperidade. Ali tranquilo pode o capitalista adiantar sobre o futuro. Ali o progresso