O Vale do Amazonas

Depravada e roubada — cousa singular! — é ela ainda assim que submete aos seus costumes a gente de outra raça que aqui aparece. Com efeito, os raros emigrantes que o Solimães atualmente acolhe no seio imenso de sua abundância edênica, não comunicam ao índio o impulso do homem civilizado, o exemplo da moralidade na família, o sentimento do gosto, o amor do trabalho, o espírito de indústria, o cultivo das artes úteis, o desejo de melhoramento e a necessidade de ilustração. Dominados pelos apetites mais grosseiros, rendem-se à indolência e à preguiça, e bem depressa confundem-se com o selvagem nos hábitos, nos prazeres, no gênero de trabalho, nas perfídias de um tráfico desonesto, nas dissensões, na miséria e na degradação.

Para apressar o período da transformação, invocareis o auxílio de um agente sobrenatural? Esperareis da Providência aquilo que não é superior ao esforço humano? Invocareis o que? Na sinceridade de vossos sentimentos religiosos, apelareis para a catequese sacerdotal, aliás contrariada por causas opostas, tão ativas e tão robustas, impotente por si só, quando mesmo pudésseis descobrir sujeitos idôneos neste século frio, de entusiasmo positivo, e com o clero católico que o celibato tornou aleijão? a catequese, aparato inútil sem as figuras severas dos Anchietas e dos Las Casas, indivíduos de uma raça