de pé, sobre a proa do nosso paquete, eu via ao longe o sol afundar-se majestoso, como sobre o oceano, no ocidente que nós demandamos. Um efeito de luz nesse momento permitia-nos ver avançar, do meio das nuvens que cobriam o túmulo dourado do astro do dia, uma chama que, refletindo nas águas tranquilas, parecia atrair-nos e convidar-nos. Assim, meus senhores, na dúbia escuridão do selvagem há ainda um vestígio do dedo de Deus, uma faísca sobre-humana que convida e atraí a civilização, que pode recebê-la, aquecê-la, frutificá-la, desenvolvê-la, se ela for a verdadeira civilização, isto é, o trabalho honesto, o comércio leal, a indústria inteligente, a instrução derramada em ondas, não destribuída em gotas, a moralidade, não pregada em máximas estéreis ou nos textos da missa em latim, mas praticada e aviventada em fatos.
Já vedes que para mim a livre navegação do Amazonas não me parece necessária tanto por amor dos interesses comerciais e financeiros do país, como exigida por bem do sentimento moral e da salvação de tantos espíritas esmorecidos nas trevas da ignorância, eu diria quase — do paganismo.
Vossa elevada aspiração é, portanto, a minha aspiração: caminhar para a civilização pela liberdade.
Filhos do século que viu o potentado herdeiro das tradições sanguinolentas da ideia