O Vale do Amazonas

apesar das belas palavras fecundas de esperanças, estéreis de realidades? Portanto, posto que a situação tenha de algum modo melhorado, cumpre ainda perseverar nos reclamos em prol da liberdade do Amazonas. Franquear o vale do Amazonas ao comércio universal não há de ser um ato inglório; há de ter ao contrário grande repercussão em toda a política do nosso governo. Pela posição que ocupa neste continente, o Brasil deve de seguir uma política exterior inteiramente oposta aos prejuízos da política colonial. A monarquia portuguesa, em cujos dias de lutuosa decadência tivemos a desgraça de pertencer-lhe, observa aqui o mesmo pensamento de isolação que a submergia na Europa; mas o nosso governo americano deve de ser expansivo e franco para com os seus vizinhos. No sul da América devemos aparecer, não à distância do ciúme e do ódio, mas à frente dos estados limítrofes, animando-os com o nosso exemplo, cimentando a sua amizade pela nossa liberalidade.

O governo imperial certamente pode reclamar para se a honra muito distinta de não haver nunca coadjuvado na América aos despotas e aos sanguinários, e de não ter jamais partilhado a cumplicidade com os homens da escola do ditador Rosas. Essa honra lhe cabe; resta que lhe pertença bem depressa a glória de proclamar no Amazonas os mesmos princípios liberais de navegação fluvial a que aderiu o Rio da Prata; resta que a sua