A Província - Estudo sobre a descentralização no Brasil

absurdo esperar a liberdade e a prosperidade de um regime que os sufoca.

A questão da descentralização, escreve o Sr. Odilon Barrot, está de novo na ordem do dia, não só em França, mas por toda a parte; enche os escritos sérios de política, encontra-se no fundo de todos os problemas agitados no mundo (1)Nota do Autor. No seio da própria Igreja, que o jesuitismo contende por transformar em monarquia universal sob a autocracia do Papa, no próprio concílio do Vaticano revolvem-se os sentimentos de independência, que fazem a alta distinção moral do nosso tempo. Menos ainda do que a Igreja pode a sociedade civil formar esse exército compacto, cujos movimentos domine o fio telegráfico estendido do gabinete de um César. Desfeita ao choque de estrondosas decepções, a miragem da centralização não ilude mais. Fora escusado deter-nos na crítica de um sistema decrépito, acometido de todos os lados, condenado desde o livro clássico de Tocqueville (2)Nota do Autor. Releve-se, entretanto, que recordemos alguns dos fundamentos da irrevogável sentença, reservando as questões especiais para os lugares competentes.

Do mérito das instituições humanas se julga pelos seus resultados: ora, um resultado moral, outro político, ambos estreitamente ligados, têm assaz revelado a índole da centralização.

O que caracteriza o homem é o livre arbítrio e o sentimento da responsabilidade que lhe corresponde. Suprimi na moral a responsabilidade, e a história do mundo perde todo o interesse que aviventa a tragédia humana. Os heróis e os tiranos, a virtude e a perversidade,

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