— fortificados pelo indisível amor dos nossos lares, da nossa terra e da nossa gente, produzem a grande virtude cívica do patriotismo. Mas o que é que pode aquecê-lo senão o exercício constante da liberdade, o sentimento do poder individual, da responsabilidade pessoal, do mérito e demérito, da honra ou do aviltamento, que nos cabem na glória ou nas tristezas da pátria? Que é que pode, pelo contrário, amortecer o patriotismo, desfigurá-lo mesmo, senão a melancólica certeza de que o bem ou o mal da república nos não importam nada?
Almas estoicas haverá sem dúvida que, nessas épocas de geral torpôr, preservem na decadência da liberdade o lume santo das virtudes cívicas; mas serão apenas a luz do quadro onde vereis a liberdade
...Moribunda, soluçando,
Expirar sobre a areia, — e inda de longe
Volver o extremo olhar ao Capitólio (3)Nota do Autor.
Nesses dias nefastos em que o poder, fortemente concentrado, move mecanicamente uma nação inteira, caracterizam o estado social a inércia, o desalento, o ceticismo, e, quem sabe, a baixa idolatria do despotismo, o amor às próprias cadeias. Daí a profunda corrupção das almas, abdicando diante da força ou do vil interesse. E não é nas classes inferiores somente que lavra a peste: os mais infeccionados pelo vício infame da degradação, são o que se chama as classes elevadas. Não é na plebe das cidades que a democracia francesa, abandonada dos nobres e poderosos, há procurado abrigo e alento para afrontar o Império?