Desembaraçar a marcha administrativa é necessidade geralmente reconhecida. Ora, um dos maiores obstáculos à rápida expedição dos negócios é a originalíssima maneira por que no Brasil funciona o conselho de gabinete. Há governos francamente absolutos, os da Europa quase todos, talvez todos sem exceção, onde o rei intervém somente nos casos de alta política e alta administração; e nenhum Estado constitucional sabemos onde se use e abuse tanto da assinatura do monarca, nem onde este assuma as prerrogativas da trindade exprimida nesta máxima impertinente: o rei reina, governa e administra. Isso não humilha só os ministros de estado, comissários do parlamento: mata a administração, enfraquecendo a iniciativa e quebrantando os brios dos homens públicos. Enquanto não fizermos uma realidade da presidência do conselho, instituição parlamentar, convertida, porém, em escudo da realeza, enquanto não desempecermos a ação dos ministros, economizando o tempo consumido em infinitos e estéreis conselhos de gabinete, continuará irreparável o esmorecimento de toda a administração (204)Nota do Autor.