A Província - Estudo sobre a descentralização no Brasil

à toa, perceberá desde logo estes dous vícios principais: — há grandes províncias mal traçadas, com dimensões irregulares e prolongamentos arbitrários, que em demasia prejudicam aos interesses dos povos; — há, por outro lado, verdadeiros desertos, com muitas dezenas de milhares de léguas quadradas, convertidos em províncias ou incluídos nelas, quando melhor fora reparti-los em certo número de distritos administrativos.

Estas duas proposições nada têm de exageradas. Para verificar a primeira, basta ver a Bahia, estendendo-se pelo baixo S. Francisco (além da Boa Vista), abranger um terreno que mais cômodo fora anexar a Sergipe; passando ao sul do Jequitinhonha, privar o norte de Minas de atingir ao litoral e ligar-se aos portos de mar que justamente reclama; e, enfim, espraiando-se pela margem esquerda do mesmo S. Francisco, dominar um território que, tendo Barra por capital e compreendendo as comarcas de Paranaguá (Piauí), da Palma e parte da de Porto Imperial (Goiás), deveria possuir administração própria, como aliás se tem proposto.

Mais ao norte, Pernambuco prolonga-se pelo vale do grande rio comum, e abrange o vasto sertão de Ouricury e Boa Vista, cujas comunicações melhor far-se-iam pela Bahia, a quem mais naturalmente pertence.

Alarga-se Minas em todos os sentidos, jazendo a um canto a sua capital. Dessa vasta superfície haveria bastante para duas novas províncias: Minas do Norte, compreendida entre o curso do Jequitinhonha e o do Rio Doce, com portos de mar tomados à Bahia e Espírito Santo; Minas do Oeste, formada das comarcas

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