elevado que justifique ou atenue a dissolução de antigos laços e veneráveis tradições. Mas, ao se efetuarem as vastas reformas descentralizadoras, todas farão alegremente o sacrifício imposto pela causa comum.
A empresa demandará, em todo o caso, muitíssimo tato. As maiores províncias têm que fazer, da sua parte, grandes concessões: o Rio de Janeiro carecerá resignar-se a ver a capital do Estado transferida para sítio mais resguardado, mais conveniente à vida política e ao trabalho de gabinete, mais salubre, mais central; todas elas hão de respeitar o princípio da igualdade, nomeando cada uma dous senadores somente, e consentindo na periódica distribuição das cadeiras da câmara temporária proporcionalmente à população verificada pelo último censo. Realizar-se-á desta sorte o equilíbrio político que debalde se tenta firmar por outros meios.
Sobre a urgência dessa nova distribuição parlamentar, muito haveria que dizer. Se, na falta de um censo exato, se tomasse, como expressão do movimento das transações, do comércio e da riqueza em cada província, o produto das rendas internas, ressaltariam desproporções consideráveis. Por exemplo, Minas Gerais, que nomeia um sexto de toda a representação nacional, para a renda interna (única que aí se cobra além da extraordinária) somente contribui com a décima oitava parte. Ocorre exatamente o inverso no município neutro e província do Rio de Janeiro, que, contribuindo com 61% de toda aquela renda, apenas têm 10% do número de deputados e senadores. Só a estatística da população e da riqueza, explicando esses disparates, removeria de nosso regime a censura, que justamente lhe fazem, de repousar sobre bases completamente arbitrárias.