História econômica do Brasil; 1500-1820

Visava o governo prestigiar e favorecer os donatários que, às suas expensas, iam empreender tão grande tarefa, favorecendo igualmente os colonos, para que tivessem todo o interesse em se estabelecer nas novas terras. "Mas essas vantagens a serem auferidas pelos donatários pressupõem povoações, lavouras, comércio, trabalho organizado e capital acumulado, o que tinha de ser obra do tempo longo e do imediato dinheiro." (4)Nota do Autor

Sob o ponto de vista econômico, que não deixa de ser básico em qualquer empreendimento colonial, não me parece razoável a assemelhação desse sistema ao feudalismo.

Na economia feudal, não há o fito de lucro porque sendo demarcadas as classes sociais, a remuneração se torna função da condição social de cada classe. Os artesãos viviam de maneira certa e o que eles recebiam era para o sustento desse padrão de vida. Cada classe tem o seu padrão de vida e o número de pessoas de cada classe é mais ou menos limitado. Quem é servo ou filho de servo não aspira ao artesanato. E o artesão ou o filho de artesão não pensa em ser fidalgo. É isso que caracteriza a economia feudal. As trocas se realizavam através de uma divisão de profissões preestabelecidas. Daí o dizer de Schmoller, que a divisão de trabalho na Idade Média é uma divisão profissional e social.

Ora, por mais que estudemos os elementos históricos, não podemos concluir que o regime das donatarias apresente pronunciada semelhança com o da economia medieval. Em primeiro lugar todos procuravam a nova terra em busca da fortuna; todos visavam melhorar sua situação econômica. O fito de lucro era a causa primordial da vinda para o Brasil. Os pedreiros, carpinteiros, mecânicos e demais artífices procuravam