É de salientar o contraste de orientação entre o aspecto comercial da política colonizadora traçada para o Brasil e o sistema de monopólio de Estado observado, na mesma época, no comércio português com as Índias orientais.
A atividade dos donatários
Outorgadas as doações, a partir de 1534, houve um esforço sincero da parte da maioria dos donatários de efetivar o empreendimento colonizador. Para isso, muitos venderam o que possuíam em Portugal, outros obtiveram recursos por empréstimo, pois que não eram de somenos os capitais necessários a cometimento de tal monta. Respeitada a linha da convenção de Tordesilhas, teria fundo diminuto o último lote concedido a Pero Lopes de Souza e não caberia aos portugueses iniciativa de qualquer novo empreendimento no rio da Prata.
Não cabe aqui fazer a descrição da vida aventurosa e das lutas que tiveram os concessionários para se instalar em suas capitanias. Dos 12 donatários, só um, o da capitania do Ceará, não providenciou a exploração de seus domínios. Mas ao contrário do que acontecia nas ilhas do Atlântico, além das hostilidades climatéricas e da natureza, esbarravam com a forte reação dos ameríndios e sofriam reiteradas investidas dos corsários estrangeiros. "Somos obrigados a conquistar por polegadas" escrevia Duarte Coelho a El-Rei, "as terras que Vossa Majestade nos fez mercê por léguas" (6).
É a primeira fase da colonização sistemática do Brasil, e em que
à empresa ingente tudo é sacrificado: vida e haveres. No desbravamento da selva terrena e humana, o sangue português correu, sem peso em medida." (Alfredo Pimenta - D. João III, Porto, 1936).