Essa primeira ocupação costeira fixou, porém, definitivamente, o europeu no Brasil. A base econômica que ofereciam o pau-brasil, o açúcar e o algodão, permitiria a evolução mais rápida dos núcleos sociais, se na sua expansão econômica a demanda de braços para os engenhos, para os plantios e para os pescados, não viesse agravar a hostilidade do íncola, privado de sua liberdade. O ameríndio, incapaz de um trabalho normal e contínuo, revoltava-se contra a escravidão imposta pelas necessidades dos novos colonizadores.
Se várias das capitanias foram destruídas pela reação dos íncolas, os interesses vinculados ao solo brasileiro pelos núcleos coloniais que aí se instalaram, sobreviveram a essa crise. E, estabelecida a segurança para o trabalho, foi este se normalizando, com o aproveitamento da experiência progressivamente conquistada.
É o que se deduz da leitura do Tratado da Terra do Brasil, escrito entre 1560 e 1570 por Pero de Magalhães Gandavo, e de outros documentos.
Dos algarismos enunciados, constata-se a existência, nessa época, em 8 capitanias, de 60 engenhos de açúcar que deveriam produzir três mil arrobas anuais, uns pelos outros. Alcançariam cerca de 3.440 os vizinhos nessas capitanias, o que indica uma população superior a 17 mil habitantes. Computando-se os índios livres que trabalhavam com os colonos e os escravos, não será exagero calcular em mais de 30 mil a população integrada na atividade econômica, que se representava, principalmente, pela extração do pau-brasil, engenhos e plantações de cana e cultura de algodão, fora as atividades secundárias indispensáveis à alimentação e outras necessidades da população. Calogeras admite para 1583 uma população de 57 mil almas: 25 mil brancos, 18 mil índios civilizados, 14 mil escravos negros. (9)Nota do Autor