História econômica do Brasil; 1500-1820

à água, por almanjarras, lagares e trapiches impulsionados pela força animal.

No Brasil não podia ser assim; eram de tal monta as despesas das instalações coloniais, nas suas terras virgens e num meio hostil, com todo o seu necessário aparelhamento de defesa, cultura, transporte e embarque, que nos primeiros tempos não se justificava a montagem dos então chamados pequenos engenhos. Daí a construção desde logo de engenhos médios, produzindo acima de três mil arrobas anuais, os quais, a seguir, foram se desenvolvendo pela construção de instalações com produção acima de dez mil arrobas.

"O engenho representava uma verdadeira povoação, obrigando a utilização não só de muitos braços, como as necessárias terras de canaviais, de mato, de pasto e de mantimentos. Com efeito, além da casa do engenho, da de moradia, senzalas e enfermarias, havia que contar com uns cem colonos ou escravos, para trabalharem umas 1.200 tarefas de massapê (de 900 braças quadradas), além dos pastos, cercas, vasilhames, utensílios, ferro, cobre, juntas de bois e outros animais." (2)Nota do Autor

Acarretavam, pois, um grande serviço de transporte de canas, de lenha e do artigo produzido. Dadas as dificuldades de locomoção e os riscos de ataques dos selvícolas, evitava-se o afastamento da costa, e estabeleciam-se os engenhos de preferência na faixa litorânea, junto aos pequenos rios, onde se utilizavam de barcas para os serviços de transporte; tornou-se, porém, logo necessário o emprego do carro de boi e o apelo à junta de tiro.

Não era possível contar só com o colono europeu para o pesadíssimo serviço da cultura da cana e do trabalho nos engenhos, com suas moendas primitivas e com