A Evolução dos Engenhos
Na Historia do Brasil de Frei Vicente do Salvador (1627) consta esta magnífica síntese dos primeiros engenhos:
"Como o trato e negócio principal do Brasil é de açúcar, em nem uma outra cousa se ocupam de engenhos e habilidades dos homens tanto como em inventar artifícios com que o façam, e por ventura por isso lhe chamam engenhos.
Lembra-me haver lido em um livro antigo das propriedades das cousas que antigamente se não usava de outro artifício mais que picar ou golpear as canas com uma faca, e o licor que pelos golpes corria e se coalhava ao sol este era o açúcar, e tão pouco que só se dava por mezinha. Depois se inventaram muitos artifícios e engenhos para se fazer em mor quantidade, dos quais todos se usou no Brasil, como foram os dos pilões, de mós e os de eixos, e estes últimos foram os mais usados, que eram dous eixos postos um sobre o outro, movidos com uma roda de água ou de bois, que andava com uma muito campeira chamada bolandeira, a qual ganhando vento movia e fazia andar outras quatro, e os eixos em que a cana se moía. E além desta máquina havia outra de duas ou três gangorras de paus compridos, mais grossos do que tonéis, com que aquela cana, depois de moída nos eixos, se espremia, para o que tudo e para as fornalhas em que o caldo se coze e incorpora o açúcar era necessário uma casa de 150 palmos de comprido e 50 de largo, e era muito tempo e dinheiro o que na fábrica dela do engenho se gastava.
Ultimamente, governando esta terra D. Diogo de Menezes, veio a ela um clérigo espanhol das partes do