História econômica do Brasil; 1500-1820

"Engenhos havia movidos por água e por bois; servido por carros ou barcos; situados à beira-mar ou mais afastados, não muito, porque as dificuldades de comunicações só permitiriam arcos de limitados raios; havia-os suficientes para produzir mais de dez mil arrobas de açúcar e incapazes de dar um terço desta soma. Imaginemos um engenho esquemático para termo de comparação: do esquema os engenhos existentes divergiam mais ou menos, como é natural.

Devia possuir grandes canaviais, lenha abundante e próxima, escravaria numerosa, boiada capaz, aparelhos diversos, moendas, cobres, formas, casas de purgar, alambique; devia ter pessoal adestrado, pois a matéria-prima passava por diversos processos antes de ser entregue ao consumo; daí certa divisão muito imperfeita de trabalho, sobretudo certa divisão de produção. O produto era diretamente remetido para além-mar; de além-mar vinha o pagamento em dinheiro ou em objetos dados em troca e não eram muitos: fazendas finas, bebidas, farinha de trigo, em suma, antes objetos de luxo. Por luxo podiam comprar os mantimentos aos lavradores menos abastados e isto era usual em Pernambuco, tanto que entre os agravos dos pernambucanos contra os holandeses capitulava-se o de por estes terem sido obrigados a plantar certo número de covas de mandioca."

Brandonio exalta a lavoura de açúcar como sendo o "principal nervo e substância da riqueza da terra." Em sua opinião, somente com o açúcar o Brasil "é mais rico e dá mais rendimento para a fazenda de Sua Majestade do que são todas essas Índias orientais".

Após apontar os gastos com o comércio das Índias, acrescenta:

"Pois o Brasil, e não todo ele, senão três capitanias, que são a de Pernambuco, a de Tamaracá e a de Paraíba,