que ocupam pouco mais ou menos, no que delas está povoado, 50 ou 60 léguas de costa, as quais habitam seus moradores, com se não alargarem para o sertão dez léguas, e somente neste espaço de terra, sem adjutório de nação estrangeira, nem de outra parte, lavram e tiram os portugueses das entranhas dela, à custa de seu trabalho e indústria, tanto açúcar que basta para carregar, todos os anos, 130 ou 140 naus, de que muitas delas são de grandíssimo porte, sem Sua Majestade gastar de sua fazenda para a fábrica e sustentação de tudo isto um só vintém, a qual carga de açúcares se leva ao reino e se mete nas alfândegas dele, onde pagam os direitos devidos a Sua Majestade, e se esta carga que estas naus levam se houvesse de carregar em outras de grandeza das da Índia, não bastariam 20 semelhantes a elas para a poderem alojar.
Todos estes açúcares (só das três capitanias do norte) pagam de direitos na alfândega de Lisboa, o branco e o mascavado a 250 réis a arroba, e as panelas a 150 réis a arroba, isto afora o consulado, de que feita a soma vem a importar à fazenda de Sua Majestade mais de 300 mil cruzados, sem ela gastar nem despender na sustentação do Estado, um só real de sua casa, porquanto o rendimento dos dízimos, que se colhem na própria terra, basta para sua sustentação.\"
Esses 300 mil cruzados correspondem a 28 mil contos, em poder aquisitivo de hoje.
Brandonio, nos Dialogos, descreve ainda os processos de fabricação e a capacidade dos engenhos, que admite de seis, sete, oito e dez mil arrobas por ano de açúcar macho \"e fora os meles, que são retames e batidos, que sempre chegam ao redor de três mil arrobas; quando se sabe aproveitar este açúcar, costuma a ser um
[link=8102]Ilustração: Senhor branco, do século XVII, dirigindo os trabalhos dos escravos negros[link]