História econômica do Brasil; 1500-1820

com a pobreza acentuada do sul. É que aqui não se podia desenvolver a indústria açucareira em condições favoráveis para a exportação, tal como nos massapês do norte, regiões ainda muito mais próximas dos centros consumidores, em tempos em que a navegação se processava em tão difíceis condições. Daí o relativo isolamento em que evoluía a capitania de São Vicente, enquanto que aos portos do norte afluíam, anualmente, centenas de embarcações, que se empregavam no tráfico do açúcar, escravos, pau-brasil e outros artigos.

A história registra, também, os excessos a que se entregavam os ricaços do norte, empenhando-se em avultadas dívidas com os mercadores de Lisboa, na ambição de aumentarem sempre as suas fazendas ou na orgia de despesas improdutivas. De forma que uma baixa no mercado de açúcar acarretava, já naquela época, as consequências que são bem conhecidas de todos os lavradores que não tenham agido, nos tempos favoráveis, com a necessária prudência.

Não é exagerado calcularem-se em 25% sobre a exportação do açúcar, as rendas diretas e indiretas, auferidas pela Coroa portuguesa. Foi no império do açúcar que Portugal se apoiou no século XVII; no ouro e no açúcar do Brasil foi buscar, no século XVIII, os seus principais proventos. Havia terminado o período deficitário da terra de Santa Cruz, que, desde então, e por 200 anos, ia proporcionar fortes saldos à Metrópole portuguesa. Mas o ciclo do açúcar só foi possível com a solução do problema da mão-de-obra, cujo estudo será objeto do capítulo imediato.