História econômica do Brasil; 1500-1820

constantemente suas localizações, o escravo representaria um trambolho; o homem aprisionado na guerra lhes era muito mais útil como alimentação, que, muitas vezes, escasseava; daí, uma das razões do grande canibalismo reinante.

Resolvendo os lusitanos a ocupação definitiva da terra e não podendo, para isso, contar com simples feitorias comerciais, pois que não havia produtos naturais e de indústria suficientes para manter uma organização de escambo regular, tiveram que empreender culturas adequadas às zonas tropicais, constituindo a garantia econômica dessa ocupação.



O trabalho forçado como imperativo econômico

Era a indústria açucareira a que apresentava as maiores probabilidades de sucesso e que vinha sendo experimentada há várias dezenas de anos nas ilhas portuguesas.

A sua implantação demandava uma abundante mão-de-obra. Como obter imigração europeia voluntária e suficiente para tais trabalhos, se esse continente, com pouco mais de 50 milhões de habitantes, estava no momento absorvido pelas revoluções comercial e agrária, e assolado, em muitas de suas regiões, por guerras incessantes? Como conseguir, ainda, que trabalhadores europeus, no regime social e político da época, encontrando além disso serviços suficientes em zonas climatéricas a que estavam afeitos, fossem voluntariamente emigrar para colônias tropicais, a fim de atuar em desacordo com suas tradições e aptidões físicas? Ademais, Portugal despovoava-se com suas expansões marítimas e com suas guerras no ultramar.