História econômica do Brasil; 1500-1820

Índia transformara no mais parasitário, o mais criador". (5)Nota do Autor

Com a evolução do trabalho dos engenhos, foi escasseando e se mostrando insuficiente a mão-de-obra indígena. Na segunda metade do século XVI, introduziram-se aos poucos os escravos africanos, que orçariam, por volta de 1600, em cerca de 20 mil.

A importação se dava, principalmente, para as capitanias da Bahia e do norte, onde estava assegurada a indústria do açúcar; no sul, onde a situação era de pobreza, o braço escravo tinha de ser o do indígena. À medida que se iam desenvolvendo as culturas do norte, depois da expulsão dos franceses e a fundação do Rio de Janeiro, acentuou-se, no sul, a necessidade crescente de mão-de-obra. A produção era aqui em grande parte para consumo interno e o encarecimento do transporte e a menor fertilidade das terras não permitiam, no sul, a obtenção de recursos para o braço negro; daí, a preferência obrigatória dos paulistas pelo braço indígena e o fundamento econômico das entradas, em busca do gentio. Entradas que mais se acentuaram no período da expansão da indústria açucareira e das guerras com a Holanda, pelas dificuldades de mão-de-obra nas capitanias do sul. Mas a própria diferença de preços dos escravos indicava a maior valorização do negro. Assim é que, no período de maiores preços, o indígena alcançava de 4$000 a 70$000 e o negro valia de 50 a 300 mil réis, 20 a cem libras esterlinas, pelos câmbios de então.

Ainda assiste razão a Gilberto Freyre, quando diz: "Deixemo-nos de lirismo com relação ao índio. De opô-lo ao português como igual contra igual. Sua substituição pelo negro — mais uma vez acentuemos, não se deu pelos motivos de ordem moral que os indianophilos