História econômica do Brasil; 1500-1820

bastante, dado o vulto dos encargos. Se ele fugisse, "nul ne pouvait lui doner asile; on le faisait rechercher et remener de force à l'atelier, ou il était tenu de travailler de double le temps de son escapade".

Contudo, devemos reconhecer que, nessas cidades, quase todos gozavam de um relativo conforto. Existia um profundo sentimento de cooperação. Praticamente, desconhecia-se a miséria.

A economia capitalista, ajudando a desfazer a servidão, já um tanto abalada pela política do artesanato, destruiu, também, as excelências desta última. Um e outro sistema foram substituídos pelo do trabalho livre.

No entanto, examinando a vida dos primeiros operários livres, podemos repetir as palavras de Ferdinand Lot: "Singulier homme libre!"

As horas de trabalho dos adultos eram incrivelmente extensas, e os salários extremamente baixos. Para melhorar um pouco as suas condições de vida, os operários viam-se coagidos a obrigar os filhos ao trabalho das fábricas.

Para se avaliar até que ponto era rigoroso o trabalho das crianças, são de salientar os seguintes fatos, referidos por Bertrand Russel: no ano de 1802, Sir Robert Peel (o pai do estadista) redigiu um projeto de lei, que levou ao Parlamento, para "melhorar a saúde e a moral dos operários das fábricas de algodão e similares". Estatuía-se que as crianças não trabalhariam de noite e mais de 12 horas por dia...

Releva notar ainda que, até essa época, era vigente o regime dos aprendizes, tal qual o da Idade Média. Os menores (os aprendizes) não recebiam salários, porque, em troca de seus serviços, os patrões forneciam moradia, alimentos e o conhecimento do ofício. Daí, o projeto de Sir Robert Peel faltar em ser obrigatória a entrega "de roupas novas todos os anos; habitação