de gado costeado pelos trabalhos da indiada, em pastoreios, tropeadas e mangueiras. Esta palavra deriva precisamente de manga ou da taipa, em forma de espiral, com a entrada bem ampla, que construíam os campeiros, quando pretendiam agarrar e domesticar as pontas de gado bravio da circunvizinhança. Na manga o encerravam todos os dias até perder a querência dos banhados e matos e agarrar nova querência em campo limpo.
Mais tarde a espiral foi substituída pelo círculo perfeito com uma entrada ladeada de duas linhas retas convergentes a ela, em forma de ângulo muito aberto. Estas linhas conservaram sempre o mesmo nome de mangas, e o círculo adquiriu a denominação de mangueira. Isto nas estâncias, onde se queria o gado manso; mas nas vacarias, ele se conservava alçado e sem dono. Já nesse tempo a vaca de Gaeta se tinha multiplicado aos milhões. "Os campos não têm fim", diz Simão de Vasconcellos, "o número de gado são milhões, donde só pelos couros se mata, e se carregam muitos navios deles, deixando a carne por inútil". No dizer deste cronista houve também no extremo sul a idade do couro. Não é exagero afirmar que essa época do couro no extremo sul começada com a fundação da colônia do Sacramento (1680), dominando a colonização jesuítica das Missões, passou à civilização portuguesa destas regiões, no terceiro século, e prolongou-se até fins do quarto século da existência do Brasil. De 1680 a 1880, nas estâncias do sul, desde as vacarias do Mato Grosso até as vacarias do Rio Grande e do Sacramento, cosia-se a existência com tentos de couro. Tetos de macega, ou de Santa Fé, apertados com couro cru, portas e janelas de couro, bancos e cadeiras de couro, botas de couro cru de garrões de animais cavalares sacrificados só para isso, os correames, os arreios, as camas, as pirogas de passar os rios que não davam vau, as quais