na própria exploração das minas usava-se gado muar em abundância e o transporte do ouro, com sua comitiva de guardas, incrementava a sua utilidade.
Acentuou-se, então, a vantagem do emprego das mulas surgindo a figura do tropeiro que, durante dois séculos, exerceria relevante função nas ligações de nosso interior, onde até hoje, em vários lugares, é o elemento indispensável à manutenção das comunicações.
Dos campos da colônia do Sacramento, dos de Viamão, das Missões espanholas, acorriam as tropas de muares, transportadas via Laguna. Em 1738, o grande tropeiro paulista, Christovam Pereira, que, três anos antes, socorrera militarmente a colônia de Sacramento, na sua épica resistência contra as acometidas espanholas, abriu o caminho direto pelo interior, ligando os campos de Curitiba, através das coxilhas rio-grandenses, até as margens do Prata. (5)Nota do Autor
Partindo do Rio Grande do Sul, "das alturas de Santo Antônio da Patrulha declinariam para oeste, por São Francisco de Paula, pontas do rio das Antas, Vacaria, primeiro passo do rio Pelotas (Uruguai superior) Lages ou Vacaria catarinense; e daí em diante pelo caminho de Francisco Faria até o Iguaçu e pelos campos de Paraná, seguindo, talvez, a trilha dos bandeirantes, ou pontos de Tibagi, Itararé e Sorocaba, o ponto terminal dessa viagem extenuante de dois mil quilômetros mais ou menos ao passo das bestas. Iam esses pacientes tropeiros fazendo invernagens pelo caminho, nos pontos mais indicados. Antes de atravessarem a barra do Rio Grande, que deveria exigir enorme sacrifício aos animais e depois de atravessarem também a nado o Pelotas do sul; depois, outra invernagem na vacaria rio-grandense, antes de atravessarem o Pelotas do norte; depois, nos campos do Paraná, aproveitando