História econômica do Brasil; 1500-1820

O Capitalismo e a formação das raízes agrícolas

Todas essas circunstâncias não escaparam à fina argúcia de Sombart, quando, analisando-as, bem acentuou as diferenças profundas da mentalidade econômica moderna, face à das eras pré-capitalistas. Enquanto na Idade Média a preocupação foi a de produzir para consumo imediato e para as necessidades mínimas do homem, que se achava principalmente absorvido por atividades religiosas, políticas e sociais, o pensamento dominante na era capitalista já é o do aumento, sempre ascendente da posse de riquezas. E a produção, o comércio e o crédito foram se tornando impessoais.

Para que tal sistema econômico pudesse prosseguir na sua fase evolutiva, tornou-se necessária a mais ampla liberdade individual, quanto à locomoção, à política e à aquisição da propriedade. Dessa liberdade resultou a emulação e o espírito de competição que alcançaram, já em nossos tempos, tão grande acuidade. E o progresso desenvolveu-se com seus aspectos multiformes.

A população da Europa, que era de 50 milhões de habitantes no começo do século XVI, passou a 150 em fins do século XVII e a 450 milhões em princípios do século XX. A progressão deste aumento correu paralela com as etapas do capitalismo.

O padrão de vida dos povos foi-se alterando rapidamente. Com o barateamento do algodão e do linho passaram-se a usar tipos mais confortáveis de roupas. O emprego do algodão proveniente da Ásia e da América começou a ser vulgarizado.

Roupas de baixo e roupas de cama, raramente utilizadas em épocas anteriores, passaram a ser artigos de uso comum, nos séculos XVII e XVIII.