História econômica do Brasil; 1500-1820

tempos, se foi esboçando no comércio português. Foi portuguesa a primeira feira estrangeira estabelecida em Bruges. Na Inglaterra, ao tempo de João-sem-terra, registraram-se muitas licenças para a entrada de mercadores portugueses, que, em pagamentos de vinhos, azeite, cortiça, cereais, pescarias, mel e peles dali retornavam com panos e metais.

Nos pequenos centros urbanos em formação, as corporações de ofício controlavam os preços e respectivas fabricações, que se produziam quase que exclusivamente para consumo imediato. Os preços das mercadorias e dos serviços eram praticamente estáveis e tabelados.

Não perdurou, porém, na monarquia agrária portuguesa, a sequência de reis econômicos e, com o tempo, se foi acentuando o desequilíbrio financeiro do erário real. Os reis passaram, então, a estimular a criação de vilas e conselhos, de que poderiam auferir novas contribuições, fomentando, destarte, a independência dos municípios, face aos senhores feudais. Por essas e outras causas, verificou-se uma crise de braços no campo e um êxodo das populações para as vilas e cidades, com grave prejuízo para a agricultura. O comércio interno, numa época em que não havia estradas, veículos de transportes e seguranças para o tráfego, era precário e diminuto. Como nos demais povos da Europa, era baixíssimo o padrão de vida. Facilitado pela política das ordens religiosas, a vagabundagem cresceu e contra ela não se instituiu, como na Inglaterra, o trabalho forçado.

A pescaria e o comércio marítimo evoluíam lentamente. D. Diniz, em 1293, instituiu a marinha do Estado para a sua proteção. A população urbana, central e da costa, formavam o traço de união entre o campo e o mar. "À beira-mar", comenta Lucio de Azevedo, "a extensa costa proporcionava à vista largos horizontes, desvendando-os, ainda mais vastos à imaginação; ali não se deparavam a empatar o caminhante os matagais