História econômica do Brasil; 1500-1820

ínvios, os íngremes cerros, os rios sem pontes, ladrões do ermo, e a cada passo as peagens, quando não as exações do fidalgo salteador. Para qualquer se lançar à estrada, pelo mundo afora, requer-se alguma indústria e certa soma de audácia. Nenhum dos requisitos faltava à gente do país. As pescarias foram para esta, como em toda a parte, a primeira escola náutica. À proporção que de norte a sul retirava o agareno, ensaiar-se-ia a navegação costeira. E não seria sem efeito a vinda dos cruzados, suscitando pelos exemplos o apetite dos rumos distantes. É provável terem eles ministrado aos portugueses conhecimentos da arte da construção, assim como da arte de navegar em mar alto; talvez, igualmente, noções de geografia comercial."



O Infante D. Henrique

Gonzalo de Reparaz, em sua Historia de la Colonisacion, refere: "No final do século XIV, havia já em Portugal uma classe mercantil cosmopolita, rica e influente, com gostos e interesses opostos aos dos barões feudais. Embarcadores e comerciantes, unidos aos povos das cidades marítimas, fizeram a revolução de 1383 a 1385, recusando-se a reconhecer D. João de Castella, casado com a filha de D. Fernando, proclamando rei D. João de Avis, filho bastardo de D. Pedro. Com o rei de Castella, estavam os magnatas e os grandes proprietários de terras. Em Aljubarrota triunfaram os negociantes e embarcadores, o litoral e a política oceânica e de transporte, ao dominador dos campos; venceu o mar à terra".

Com a vitória do Mestre de Avis, houve, em Portugal, uma redistribuição de propriedades e honrarias. Não se tendo extinguido o prurido guerreiro, derivou-o