Foram os portugueses que, pela primeira vez, fizeram uso duplo da vela quadrada e da vela latina, dispositivo que permitiu o aproveitamento dos ventos alísios para a navegação a barlavento, invenção que um recente escritor espanhol considera, para a época, quase que tão importante como a da imprensa.
As descobertas ao longo da costa ofereceram oportunidades para o comércio com os indígenas, e assim é que foram buscar ao sul do Saara a pimenta malagueta, ameaçando o monopólio veneziano, o marfim, o ouro e escravos. O braço escravo se tornava cada vez mais necessário em Portugal, dada a carência da mão-de-obra nas cidades e nos campos. A emulação que as riquezas italianas produziam e o espírito aventureiro que se apossou de Portugal com a chegada dos carregamentos de malagueta, ouro, marfim e escravos foi consolidando a política, marítima traçada pelo infante D. Henrique.
Como empreendimento econômico, se muitas das expedições resultaram frutíferas, outras foram deficitárias, e as dificuldades de toda a sorte se foram avolumando pelas guerras contínuas que os portugueses eram obrigados a manter para garantir as suas feitorias e a respectiva ocupação. Mas o avanço para o sul e a posse da costa africana iam tornando cada vez melhor orientado o governo português na arte da navegação e na possibilidade do contorno do continente africano.
O caminho das Índias
Quando o erário público lutava com enormes dificuldades para manter a política que a Coroa se traçara — de encontrar um caminho para as Índias — Vasco da Gama conseguiu, em 1497, alcançar esse objetivo. Com as especiarias, tributos e presas de guerra que trouxe,