pagou a expedição muitas vezes o seu custo; a segunda expedição para as Índias, a de Pedro Alvares Cabral, cobriu o seu custo duas vezes, computada, neste, a perda de quatro barcos.
Com tais resultados, não é difícil prever a expansão marítima que, na época, teve o pequeno reino e a mentalidade que ali se criou. Organizaram-se sucessivas expedições, que vinham pejadas de produtos orientais e de presas de guerra. O comércio da pimenta-da-índia, que constituía a mais rica especiaria do tempo, e que era monopólio de Veneza, passou para as mãos dos portugueses. Seu custo, na Índia, seria de menos de três cruzados por quintal — pouco mais de 20 réis por quilo, ou sejam mais de 13$000, em moeda de poder aquisitivo de hoje, — alcançando no mercado de Antuérpia acima de 20 vezes o seu custo no país de origem. Alterou-se profundamente a velha monarquia agrária portuguesa; toda a atenção se concentrou na exploração de suas novas descobertas, que proporcionavam fartos lucros e rápidas riquezas.
Foi criado o vice-reinado da Índia e as conquistas, com a vitória naval de Diu, no Mar Oman, se estenderam até o Mar Vermelho, no propósito de impedir, de vez, a remessa de artigos pelos roteiros primitivos, e garantir, de fato, o monopólio português. Com o objetivo de assegurar o predomínio lusitano, em tão vastas zonas, foram usados, como armas, a conquista e o terror, meios que então pareceram os mais eficazes.
A navegação oferecia ainda riscos sem conta aos navegantes e guerreiros. Adotou, então, o monarca o critério de pagar regiamente os chefes de expedições e os prepostos de responsabilidade nas Índias, limitando a três anos a duração do exercício de seus cargos, para que um grande número tivesse oportunidade de correr os mesmos riscos e obter as mesmas vantagens.