História econômica do Brasil; 1500-1820

As tripulações dos barcos eram todas interessadas nos transportes de suas cargas. O governo, grande negociante atacadista, adquiria na Índia a pimenta, que vinha em fardos de 60 quilos aproximadamente. À tripulação era atribuído o direito das quintaladas, variáveis e proporcionais aos postos. Houve vice-reis na Índia que ganharam milhares de contos anuais, frutos de seus vencimentos e privilégios de carregamentos.

Permitia também, o governo, que se carregassem nas expedições algumas mercadorias de negociantes particulares. Mas toda a pimenta era vendida pela Casa da Índia, a fim de que a eventualidade de um afluxo de ofertas não determinasse a baixa dos preços. Orçavam por duas mil toneladas anuais as importações de especiarias orientais.



Repercussões economo-sociais

Foram profundamente nocivas as repercussões sociais de uma tal revolução econômica. O reino foi se despovoando, pois que, dos que dali partiam, pouco mais de dez por cento regressavam. São assustadoras as estatísticas de viúvas, que as publicações da época mencionavam nas regiões de onde seguiam os homens válidos.

Os campos foram em boa parte abandonados e não possuindo Portugal indústria, nem artigos de maior procura para permutas na Índia, era de fora que vinha a maioria dos produtos para a exportação do reino. As lutas religiosas e a expulsão dos judeus, que representavam uma grande classe, rica e eficiente, agravaram a situação interna. De Flandres vinha o cobre, um dos principais artigos de comércio com a Índia. E Portugal passou a importar até artigos de alimentação...

Nos primeiros tempos foram lucrativas as importações asiáticas, mercê, principalmente, dos tributos e