História econômica do Brasil; 1500-1820

das presas de guerra, que se juntavam aos lucros das especiarias. Com o tempo, porém, foi-se verificando que o comércio normal, com a administração pesada que se havia organizado, tornara-se um monopólio deficitário para a Coroa, e surgiram as crises que eram sanadas pelos empréstimos contraídos em Antuérpia e nas feiras da Europa central. No reinado de D. João III, a dívida externa alcançava cerca de três milhões de cruzados, ou sejam mais de 500 mil contos de hoje; as receitas e proventos da Coroa alcançariam 200 mil contos anuais. Internamente, lançava mão o governo dos padrões de juros para enfrentar as dificuldades financeiras. Com o desastre de Alcácer-Quibir e a consequente reunião dos tronos de Portugal ao de Espanha, agravou-se a situação nas Índias.

Em 1588, com a derrota da Invencível Armada, quebrou-se o poderio marítimo da Espanha. A Holanda proclamava a sua independência e, em guerra com a Espanha, impedida, assim, de mandar seus navios a Lisboa, procurou buscar diretamente as especiarias, com cujo comércio de distribuição pelo norte da Europa, de há muito se vinha enriquecendo (1). Nota do Autor

Ocupando a cidade do Cabo e várias colônias portuguesas, cortou de vez o monopólio lusitano. E o ciclo da pimenta, que caracterizou a grandeza do comércio português no século anterior, findou-se, praticamente, nos primeiros anos do século XVII. Portugal e Espanha, que tão grandes empreendimentos levaram a efeito, não puderam tirar deles o devido partido. De começo, eram os próprios navios portugueses que levavam as especiarias para Antuérpia; mais tarde, o porto de Lisboa foi-se coalhando de navios de várias